segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Alienação coletiva na sobri-edade

G: Oi. Tem um termômetro aí?
A: O quê? Pra quê? Tá com febre?
G: Tô.
A: Dor de garganta? Tá tossindo?
G: Tô.
A: Gripe? Gripe suína?
G: Sei lá.
A: Puta merda. Abre as janelas aí que tô indo.

A: Fiquei em casa enrolando, lendo. Tentando dar outra roupagem naquilo que já existiu. Nóia.
G: Você acabou de desconstruir isso. Continua.
A: Pensei: vô toma um banho. Não, tô muito atrasado. Escutei um barulho de janela da sacada, pensei que meus pais saiam da sala pra lá, lembrei do termômetro e pensei que era o momento. Escutei outro barulho e pensei: nossa, não vai dar pra pegar mais.
G: Hahaha.
A: Cara, os ruídos que a gente faz pra disfarçar os barulhos. Tipo: puxar a descarga pra peidar. Entrei na cozinha, daí eu fiz o ruído: abrir o armário. Isso pra pegar o termômetro dentro da caixinha, que também faz barulho. Aí eu ia ter que abrir a torneira ou a geladeira pra fazer outro barulho, pra disfarçar a caixinha. Fodeu...
G: Porra!
A: Tudo isso, e ninguém ia escutar, porque eles tavam vendo televisão. Aí não achei e tive que dar a mensagem: mãe, cadê o termômetro? Meu pai olhou pra mim.
AG: Eu não sei. Quem tá precisando?
A: Vou sair. Se eu for no cinema vou chegar tarde.
AG: Mas você vai no cinema com ela se ela tá com gripe?

A: Você não tá com gripe mesmo, né? Posso toma o chimarrão?
G: Não sei né cara.

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